segunda-feira, 7 de abril de 2014

Sobre meus pensamentos...


Acredito que seja o sonho de muitas mulheres encontrar seu "príncipe encantado", aquele com quem ela passará o resto da sua vida. Bem, esse nunca foi o meu. Era estranho me imaginar casada e vivendo com um homem. Acho que sempre percebi que era diferente, mas tinha muita timidez e falta de coragem para sair do armário. Cresci. Vi que príncipes e princesas encantadas não existem na vida real. O que existem sao pessoas que são compatíveis com os nossos sonhos, mas que possuem qualidades e defeitos que aprendemos a conviver. 

O casamento não é um sonho que se sonha sozinha. Eu estaria mentindo se dissesse que tudo será extraordinário no dia e em todos os que virão a seguir. Nem todos que gostaria que estivessem comigo, estarão. Alguns porque não estão mais aqui, outros porque não se sentem a vontade de ir. 

Hoje minha mãe falou comigo algo que me magoou. Na verdade, não foram nem as palavras em si, foi o jeito que elas foram ditas. Cheias de preconceito e nojo. Eu não respondi. Faltaram palavras, faltou o chão. Eu senti um aperto no peito e uma tristeza imensa. Eu já sabia da dificuldade de aceitação e a respeitava. Eu já havia me conformado em caminhar sozinha até o altar. Não sei se ela enxerga a minha opção de seguir e aceitar minha orientação sexual como uma afronta. Nunca foi. Eu só escolhi ser feliz. Dói saber que minha felicidade agride a pessoa que eu mais amo na vida. 

Sinceramente não sei como será pela frente. Será que meus filhos serão aceitos? Que minha esposa será sempre "aquela sua amiga"? Ela não é apenas minha amiga, mãe. Ela é a mulher que eu amo, que cuida de mim e de quem eu cuido. Ela me tirou da sarjeta quando minha auto estima estava escorrendo pelo esgoto. Ela fez com que eu me sentisse amada e me ajudou a me reerguer. 

Eu não tenho e nunca tive vergonha de assumir meu compromisso com ela e de me casar. Eu me sinto lisonjeada que ela me escolheu e satisfeita por tê-la escolhido. Desculpe se não era isso que você queria de mim, mas não me condene por seguir minha vida.

Acho que você se importa demais com a opinião dos outros e tem vergonha de ter uma filha homossexual. Eu não me importo com que os outros acham. Sei quem sou. Eu não me considero uma pessoa ruim, tenho meus defeitos, mas sou estudiosa, esforçada, trabalhadora, determinada, sei ser engraçada quando me sinto à vontade em um ambiente e ser gentil com os outros. É injusto resumir quem sou num esteriótipo preconceituoso. Queria que você enxergasse isso. 

Queria também que você pudesse se lembrar da menina magrinha e de olhar triste que se agarrava na suas pernas e que tinha medo de tudo. Hoje ela rompeu seus medos e preconceitos, se aceitou e só quer ser feliz. Queria poder dividir essa felicidade com você.

 Bem... Acho que era só isso que eu tinha pra dizer. Eu te amo, mãe. Seja feliz.